Todas as memórias que não vou ter sobre você

Queria ter construído mais memórias sobre você. É só isso que fica fazendo voltas nos meus pensamentos enquanto deito a cabeça no travesseiro depois de te ver sair pela porta do meu apartamento numa despedida ao invés de um até logo.

Não são os relatórios que deixei de fazer porque brigamos e eu não conseguia parar de pensar. Não são as nóias que me acompanharam durante o dia me fazendo duvidar do seu gostar, nem as coisas ditas (ou não ditas) que até poucos minutos atrás não paravam de machucar.

O que não sai da minha cabeça e aperta o coração são todas as memórias que eu não vou mais poder criar sobre você – e sinceramente, isso machuca muito mais.

Queria ter ouvido mais histórias da sua infância, suas descobertas, suas viagens, seus medos, seus planos, seus amores.

Queria ter ouvido mais sobre sobre as bandas que você gosta, os filmes que te marcaram, seu livro preferido.

Queria descobrir o feedback daquele projeto que você iniciou, o desenrolar daquela promoção que tava no radar, o progredir das suas novas descobertas, todas as histórias que eu acompanhava e agora vão ficar no ar.

Queria ter visto seu sorriso em mais cenários, com outras iluminações, de novos ângulos. Conhecido seu restaurante favorito, ouvido seu riso se misturando ao som de outros ambientes.

Queria ter segurado a sua mão na rua. Visto sua felicidade tomando um banho de chuva.

Queria ter corrido até cansar na sua companhia.

Queria caminhar sem pressa, te mostrando meus prédios favoritos e as histórias que eu inventava pra cada uma das janelas.

Queria relaxar deitada na grama com você até não aguentar mais não fazer nada.

Queria ter molhado os pés numa cachoeira ao seu lado. E reclamado da trilha, dos mosquitos e dos meus pulmões enquanto você riria da situação.

Queria te ver cantar. Te tirar pra dançar, mesmo sem saber dançar. Te beijar no meio do bar e fingir que além de nós nada mais existia.

Queria descobrir o gosto do seu beijo misturado ao de outros vinhos e cervejas. Queria ter te contado mais sobre como eu me sentia na sua companhia.

Queria que as minhas memórias sobre você tivessem mais cores, outros fundos, outros aromas, novos desejos, mais sabores.

Você é aquele capítulo que eu termino com um ponto final precisando segurar a mão pra não desenhar mais dois pontos com a caneta e transformar em reticências, esperando que você ressurja num capítulo a frente.

Aquele capítulo que eu encerro com aquela técnica que aprendi na escrita: abandonando, me convencendo que não tem nenhuma nova edição pra ser feita, nenhuma frase pra ser reescrita, mesmo sabendo que abandonei muito antes do clímax, muito antes de escrever tudo que eu gostaria.

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