Você sabe, nós somos dois covardes

A gente fica com tanto medo do que possa vir a ser, que acabamos não sendo nada.

Eu não ligo e nem você. Mas ficamos os dois colados ao celular o dia todo, esperando que o outro resolva mandar a mensagem que tanto ensaiamos mas faltou coragem.

Eu viro pro meu lado e você pro seu, ambos negando a vontade de colar um corpo noutro pra dormir juntinho. Ambos com medo de assumir o sentimento que o carinho mútuo pode desencadear.

Eu fico quieta e finjo que tá tudo bem. Você faz o mesmo. Fazemos de nós um grande tanto faz quando na verdade queríamos ser tão mais.

Você sai todas as manhãs sem a promessa de voltar, mas retorna todas as noites como se nada fosse.

E nós fazemos das noites simples momentos como-quaisquer-outros pra chegar no outro dia de manhã, quando você sai da minha cama sem nenhuma palavra, desce as escadas correndo e me dá apenas um beijo no rosto, sem definir se é um adeus ou até logo e bater o arrependimento.

Arrependimento da noite anterior que poderia ter sido tão nossa e agora virou só um grande nada cheio de vontades soterradas por um orgulho bobo.

Porque meu bem, amor hoje em dia é clichê. E num mundo de correria, num mundo de egos e orgulhos ser clichê é ato de coragem.

E você sabe, nós somos dois covardes.

Somos apenas dois covardes enterrando as possibilidades sem remorso algum. Sem ao menos tentar.

Dois covardes sonhando sozinhos e evitando cada chance de compartilhar. Evitando tudo aquilo que poderíamos ser, mas que por orgulho nunca seremos.

Somos apenas dois covardes passando seus dias sendo nada.

Dois covardes dividindo a cama mas continuando sozinhos.

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