Eu poderia me apaixonar por você.
Facilmente. Num piscar de olhos. No meio de um beijo ou dentro de um daqueles abraços demorados que vez ou outra, sem motivo, você me dá.
Eu poderia me apaixonar pelo seu sorriso e pela maneira que você me fita com esses olhos escuros toda vez que estou distraída na sua companhia.
Eu poderia me apaixonar pelo encaixe das suas mãos nas minhas e pelo rouco da sua voz me dando bom dia, quando fico tão envolvida em nós dois que simplesmente não consigo inventar desculpas pra voltar pra casa de madrugada.
Eu poderia me apaixonar pelo seu toque delicado no meu corpo e pelo perfume que você deixa no meu travesseiro toda vez que vai embora.
Eu poderia me apaixonar pelos seus detalhes, pelo seu encaixe, pelo seu cheiro, pelo seu gosto, pelo seu tom.
Eu poderia me apaixonar pelo significado que damos para a palavra “nós” toda vez que estamos a sós.
Eu poderia me apaixonar por todas essas bobagens, por todos esses clichês e tantos outros detalhes que eu ainda nem percebi, mas que poderiam ser a coisa mais importante do mundo, só por ter você ali.
Eu poderia me apaixonar por você. Não fossem todas essas besteiras que a gente insiste em criar, não fosse a gente o tempo todo tentando complicar, eu poderia me apaixonar por você.
Se a gente não deixasse o medo tomar conta assim, se fosse eu por você e você por mim.
Se a gente deixasse de lado tudo o que tá de fora, se não nos importássemos tanto com o que não temos mais controle (se é que um dia tivemos), se a gente não podasse tanto os caminhos e deixasse as coisas acontecerem, eu poderia me apaixonar por você.
Se a gente deixasse o sentimento aflorar, sem medos, sem receios, sem bloqueios, sem precisar esconder as vontades, sem precisar podar as possibilidades, eu poderia me apaixonar por você.
Eu facilmente poderia me apaixonar por você.
Mas, parece que somos melhor nos acovardando do que nos apaixonando.
É, Bauman. Parece que os amores são líquidos mesmo.
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