Hoje eu falei de você e o gosto do seu nome amargou a minha boca.
Sempre acreditei que as palavras tem gosto. Gosto e consistência.
Tem palavra que adoça a boca e sai facinho, levinho. E tem palavra que pesa, sai rasgando, amargando até a boca do estômago. Você sempre riu quando falei disso, como se eu fosse louca.
Mas hoje eu falei de você e as borboletas que tantas vezes rodopiaram no meu estômago ao ouvir as sílabas do seu nome pareceram chumbo caindo com toda a força me causando um mal estar instantâneo.
Hoje eu falei de você e o gosto do seu nome na minha boca, que até ontem fazia o meu corpo inteiro responder e acelerar com a lembrança do gosto do seu beijo, me fez querer vomitar.
Te vomitar.
Te expulsar.
Seu nome saiu rasgando a minha garganta, queimando a minha língua, deixando aquele amargo na boca do dia seguinte da bebedeira quando a gente acorda com a garganta fechada, implorando por água e algo que tire aquele gosto, quando a gente acorda e percebe que da noite passada só ficaram a ressaca e o arrependimento.
Foi assim que me senti: ressacada de você.
Arrependida de você.
Arrependida do êxtase momentâneo que me parecia tão certo mas que na manhã seguinte só tinha virado dor de cabeça.
Querendo vomitar os vestígios que ainda insistiam em permanecer no meu corpo. Querendo expulsar cada lembrança que ainda ousasse passar por mim.
Não consegui disfarçar. Devo ter feito a maior cara feia porque a pergunta de “ai meu deus, vocês terminaram?” não levou nem dois segundos pra chegar.
Achei que dizer que sim, nós tínhamos terminado ia ser o maior amargor possível. Morria de medo de esse dia uma hora chegar e eu não conseguir cuspir essas palavras. De elas entalarem na minha garganta e se recusarem a sair. De eu me afogar em uma verdade que não conseguiria admitir.
Só que eu consegui. Fácil. Mais fácil do que falar seu nome.
Quase doce. Gosto de alívio. Gosto de finalmente. Gosto do primeiro gole de água.
Confessar que já não existia um nós tirou o gosto ruim da boca. Confessar que você não fazia mais parte da minha vida fez as borboletas voltarem a bater as asas no meu estômago, não mais pela sua presença, mas sim pela certeza de que ela não existiria mais.
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