Esbarrei esses dias com seu perfil. Um comentário perdido na foto de um amigo em comum que até então eu nem sabia que era um amigo em comum.
Já nem sei quanto tempo faz que não via seu rosto, nem que fosse por uma fotografia. Nas minhas memórias seus traços já não passavam de borrões. Nem a sequência de caracteres que você escolheu para o seu username eu me recordava direito. Mas esbarrei com seu perfil e, num movimento automático e quase involuntário, cliquei para entrar.
Não lembro da última vez que fiz isso, mas lembro de quando achava que nunca conseguiria. De quando me desafiava e dizia “Só um dia. Só hoje.”
Lembro de quando achava que morreria de saudade. Que meu corpo explodiria se não tivesse notícias suas.
Foi cruel comigo mesma querer tanto conhecer alguém que já não estava mais disposto a me conhecer. Mudar a rota no meio do caminho, depois de já ter reorganizado minhas bagunças esperando que você ficasse.
Foi cruel trocar todos os “vamos conhecer tal lugar?” por te esperar sempre cada vez mais tarde, cada vez mais um plano de fim de noite em que nos confidenciamos tantas histórias e olhares apaixonados mas que na manhã seguinte fingíamos que nunca tinham acontecido. Foi quase insuportável ver o que construímos por meses ceder sem que eu pudesse fazer nada pra impedir.
Não lembro bem de quando virou a chave, quando o um dia do meu desafio passou a ser uma semana ou de quando as lembranças do que não mais teria com você deixaram de fazer parte do roteiro de pensamentos toda noite quando encostava a cabeça no travesseiro.
Hoje, olhando seu sorriso nessa foto que você postou uns dias atrás, eu só me recordo de como eu acreditei de verdade que eu não seria capaz de sorrir também sem que você estivesse em algum lugar sorrindo para mim.
E se eu posso ser sincera com você, esse é um sentimento muito bom de se ter. De ver que ficou tudo bem. Que as coisas estão boas por aí e que elas também estão boas por aqui. Que apesar do drama que eu inventei comigo mesma a nossa colisão não deixou feridos – nem feridas, já que agora, eu só penso o quão tudo isso foi bobo. Não você, nem eu, nem nós. Mas essa urgência e esse sentimento de que aquilo nunca passaria.
É bom ver que o drama passa e as rotas, caminhos e decorações se reorganizam pras novas dinâmicas que se apresentam, sempre da melhor forma. No fim, sempre fica tudo bem.
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