Hoje, diferente de todas as vezes em que te escrevi nos últimos meses, quase que secretamente, sem nunca ter a coragem de enviar, de comentar, de conseguir dizer “ ei, sabe aquele último texto que saiu? então, era sobre você “, eu escrevo pra dizer que eu cansei.
Cansei, desisti, perdi as esperanças ou simplesmente tomei vergonha na cara, como você preferir.
Hoje eu te escrevo pra dizer que eu já não espero mais nada de você. Nem de bom e nem de ruim, que com o tempo foi o que você me fez aprender a esperar.
Não espero mais sequer uma mensagem de madrugada pedindo se eu já dormi e querendo me ver ou um bom dia no dia seguinte de uma foda meia boca depois de termos nos esbarrado em um bar qualquer dessa cidade quando ninguém mais tinha tempo para você.
Eu já não espero mais que você repare em mim. E não digo reparar no meu decote e no batom vermelho nos meus lábios depois de algumas garrafas de cerveja. Isso você sempre fez, e infelizmente eu sempre me contentei acreditando que em algum momento você veria além disso. Mas você nunca viu. Você nunca me viu como algo além de uma foda de fim de noite.
Eu não espero mais que você queira saber quem eu sou fora da sua cama, o que eu sinto, penso, vivo da porta pra fora do seu apartamento. Eu simplesmente desisti de acreditar que um dia você repararia em mim.
Que um dia todo o esforço que eu dedicava em te mostrar que valia a pena me chamar pra voltar no dia seguinte, que valia a pena me convidar pra ficar um pouquinho mais pela manhã teria algum sentido. Mas não teve. Não tem.
E é claro que não tem. Afinal, sempre que você me quis você me teve. Você me chamava e eu ia. Ia correndo pra você. Não importava quais fossem os meus planos, eu sempre ia. Todas as vezes.
E eu não tô cuspindo no prato, não. Esse prato eu já até lambi de tanto que gostei. Mas uma hora a gente precisa tomar vergonha na cara. Uma hora eu ia ter que entender que as migalhas de atenção que você me oferecia nunca seriam nada além disso: migalhas.
Então é isso. Diferente de todas as outras vezes em que te escrevi, dessa eu desisti de acreditar que algum dia você lembraria que eu existo antes da meia noite, antes do quinto copo.
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